Quase metade da população brasileira está cadastrada em programas sociais; custo anual se aproxima de meio trilhão de reais e levanta debate sobre sustentabilidade fiscal.

O Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico) registrou, em 2024, um número recorde: 94 milhões de brasileiros inscritos, o que equivale a aproximadamente 44% da população nacional. O dado impressiona por representar quase a população inteira de países como o Egito, evidenciando a dimensão da dependência social no Brasil.

Desses inscritos, 57% têm no Bolsa Família sua principal fonte de renda, o que corresponde a 20,7 milhões de famílias, beneficiando diretamente 54,5 milhões de pessoas. O programa continua sendo o carro-chefe da assistência social brasileira, garantindo o mínimo de segurança alimentar para milhões de famílias em situação de vulnerabilidade.
Dependência social mesmo com criação de empregos
Apesar da retomada no mercado formal de trabalho — com a criação de 1,49 milhão de vagas entre janeiro e julho de 2024 —, os números mostram que 77% dos trabalhadores contratados nesse período estavam inscritos no CadÚnico.
Isso indica que, mesmo com carteira assinada, a maioria dos admitidos ainda não possui salários suficientes para sustentar a família sem apoio governamental, perpetuando um ciclo de dependência dos programas sociais.
Impacto fiscal: meio trilhão por ano
O custo dos programas sociais já se aproxima de R$ 500 bilhões anuais, valor que pressiona o orçamento da União e levanta discussões sobre a sustentabilidade fiscal a médio e longo prazo. Especialistas destacam que, sem crescimento econômico robusto, reformas estruturais e políticas que incentivem a renda própria, o sistema pode se tornar cada vez mais pesado para os cofres públicos.
O desafio para o futuro
Os dados do CadÚnico reforçam a necessidade de um debate equilibrado entre manter a proteção social e garantir equilíbrio fiscal. Ao mesmo tempo em que programas como o Bolsa Família cumprem um papel essencial na redução da fome e da miséria, eles também escancaram o tamanho da desigualdade e a dificuldade de ascensão social no país.