O Brasil recebe, nos dias 6 e 7 de julho de 2025, a 17ª Cúpula do BRICS, em um evento realizado no Rio de Janeiro sob presidência do País no bloco. Com o mote “Inclusive and Sustainable Global South”, o encontro reúne chefes de Estado, inclusive o presidente Lula, representando o Brasil como anfitrião . O encontro ocorre em meio a um cenário global de tensões, e o principal desafio diplomático brasileiro tem sido evitar que o bloco resulte em uma guinada antiocidental anunciada por algumas lideranças .
Suspeitas e divergências acerca de uma postura cada vez mais hostil ao Ocidente vêm se intensificando, especialmente após a expansão significante do grupo nos últimos anos, com inclusão de novos países emergentes. Analistas apontam que o Brasil, na presidência rotativa, busca conduzir as discussões de forma equilibrada, defendendo a cooperação Sul‑Sul sem romper laços históricos com economias tradicionais .
Nos debates prévios, realizados entre os dias 28 e 29 de abril no mesmo Rio de Janeiro, os ministros de Relações Exteriores não conseguiram aprovar uma declaração conjunta. A principal tensão partiu do crescente protecionismo econômico dos EUA e da Europa, ressaltando as divisões internas – embora não tenha gerado um racha definitivo entre os membros .
Além do tema geopolítico sensível, pautas tradicionais do bloco, como expansão da membresia, fortalecimento do Novo Banco de Desenvolvimento e criação de mecanismos financeiros independentes do Ocidente, também estão na agenda. O Brasil, inclusive, ponderou a não discussão ainda nesta cúpula de uma moeda comum ou sistema próprio de pagamentos BRICS, adotando uma postura cautelosa para não alienar parceiros ocidentais .
Durante o evento, os chefes de Estado terão encontros bilaterais, sessões temáticas sobre desenvolvimento sustentável, inteligência artificial e combate à fome e desigualdade. A presença de delegações empresariais também reforça a aposta em acordos de comércio, investimentos e parcerias econômicas. A ideia é manter o bloco atrativo tanto para as potências emergentes quanto para a comunidade internacional.
A diplomacia brasileira segue ativa: além de coordenar debates multilateralmente, busca construir pontes com países ocidentais e manter diálogo estratégico, inclusive durante a telepresença de líderes como Vladimir Putin, que participará remotamente . O governo Lula reforça que o BRICS pode ser simultaneamente um instrumento de afirmação dos países emergentes e de validação da pauta internacional da Paz, integração e cooperação.
Com sua atual presidência rotativa, o Brasil terá até o próximo ano a missão de consolidar o bloco como agente global responsável. Isso inclui fortalecer a governança interna, preservar relações multilaterais e evitar que o bloco ganhe rótulos geopoliticamente confrontacionais. O sucesso dessa estratégia, defendida nas discussões de ministros e diplomatas, poderá definir o futuro do BRICS como uma frente global construtiva e inclusiva.