8 – novembro – 2025
8 novembro, 2025

Esquema de agiotagem em terras indígenas do ES com indenizações do desastre de Mariana

Redação

O Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) deflagraram a Operação Pyatã nesta quinta-feira (25) e prenderam cinco pessoas — entre elas três indígenas — acusadas de praticar agiotagem e extorsão em comunidades Tupiniquim e Guarani, em Aracruz, no Espírito Santo. O grupo explorava financeiramente indígenas por meio das indenizações pagas pela Fundação Renova aos atingidos pelo desastre de Mariana, em 2015. A Justiça também bloqueou mais de R$ 10 milhões em bens dos envolvidos.
Cheques apreendidos durante a Operação Pyatã em combate a agiotagem em terras indígenas no ES — Foto: Divulgação/Ministério Público Federal (MPF)
Cheques apreendidos durante a Operação Pyatã em combate a agiotagem em terras indígenas no ES — Foto: Divulgação/Ministério Público Federal (MPF)

Operação Pyatã: o esquema revelado

A investigação do MPF começou após denúncias de que indígenas estavam sendo vítimas de exploração financeira em razão das indenizações da Fundação Renova. Entre 2019 e 2022, mais de R$ 113 milhões foram repassados às associações indígenas, mas parte desse valor acabou sendo desviada para o pagamento de dívidas ilegais.

De acordo com o MPF, os agiotas ofereciam adiantamentos das indenizações, mas cobravam juros abusivos e usavam ameaças para garantir os pagamentos. Muitos indígenas chegavam a acumular dívidas superiores ao valor que tinham a receber.

Como funcionava o esquema

  • Indígenas eram cooptados para repassar informações sobre beneficiários.

  • Agiotas adiantavam indenizações com juros abusivos.

  • Associações indígenas envolvidas no esquema recebiam os repasses da Fundação Renova.

  • Dívidas eram descontadas antes que as famílias recebessem o dinheiro.

  • A cobrança era feita de forma direta ou por meio de intermediários, que usavam indígenas como cobradores, impondo medo, ameaças e até violência.

Dois grupos criminosos atuavam paralelamente

O MPF identificou dois grupos distintos:

  1. Primeiro grupo – liderado por um agiota que, junto dos filhos, simulava contratos de compra e venda e prestação de serviços para dar aparência de legalidade às operações.

  2. Segundo grupo – chefiado por outro homem, também responsável por aplicar juros abusivos e ampliar a exploração financeira sobre Tupiniquins e Guaranis.

Bloqueio de contas

A pedido do MPF, a Justiça Federal determinou o bloqueio de R$ 9,9 milhões em nome dos agiotas e de uma empresa ligada ao esquema. Além disso, cerca de R$ 850 mil foram bloqueados em contas de ex-integrantes da Associação Indígena Tupiniquim e Guarani.

O MPF e a PF pedem que outras vítimas ou testemunhas denunciem e reforçam o compromisso com a proteção dos direitos e da integridade dos povos indígenas.

Fundação Renova não tem ligação com o esquema

Em nota, o MPF reforçou que a Fundação Renova não tem relação com o esquema criminoso. A entidade apenas repassa os valores das indenizações determinadas pela Justiça às associações indígenas.

O nome da operação

A operação foi batizada de Pyatã, palavra de origem tupi-guarani que significa pedra dura, pé firme e coragem, simbolizando a luta contra a exploração e a resistência dos povos indígenas.

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