Um vídeo chocante circulou nas redes sociais mostrando homens mascarados executando oito pessoas vendadas em uma praça na Cidade de Gaza. As imagens, amplamente compartilhadas nesta semana, indicam uma escalada de violência interna entre o Hamas e grupos rivais palestinos, num momento de tensão após o cessar-fogo com Israel.
O vídeo, cuja autenticidade foi verificada por agências internacionais, teria sido filmado no bairro de Al Sabra, no oeste da Cidade de Gaza. As gravações mostram um grupo de homens mascarados — alguns usando faixas verdes com o emblema do Hamas — arrastando prisioneiros com as mãos amarradas e olhos vendados. Em seguida, os detidos são colocados em fila e executados diante de uma multidão que assistia à cena.
Embora a data exata não tenha sido confirmada, os danos recentes nos prédios visíveis nas imagens sugerem que o vídeo foi gravado após a retirada das tropas israelenses e depois da entrada em vigor do cessar-fogo.
Segundo relatos, os mortos seriam homens adultos supostamente ligados a grupos rivais ou famílias acusadas de colaborar com forças externas. O grupo armado Radaa, força de segurança afiliada ao Hamas, assumiu a autoria da operação, alegando tratar-se de uma “ação de segurança” contra criminosos e colaboradores. Nenhuma prova foi apresentada para sustentar as acusações.
ONGs denunciam execuções extrajudiciais
O Centro Al-Mezan para os Direitos Humanos, organização palestina sediada em Gaza, classificou o episódio como uma “execução extrajudicial de cidadãos”, pedindo uma investigação independente e responsabilização dos envolvidos.
A ONG informou que recebeu denúncias de confrontos armados entre o Hamas e integrantes da Família Doghmush, uma das maiores e mais influentes famílias de Gaza, nas áreas de Sabra e Tel al-Hawa. De acordo com o Al-Mezan, após a prisão de vários familiares, o vídeo da execução começou a circular amplamente.
A Família Doghmush divulgou nota condenando as ações do Hamas, alegando que “assassinatos, torturas e incêndios de casas” estavam sendo cometidos sob “pretextos falsos e sem justificativa”. A família afirmou ter perdido cerca de 600 membros desde o início da guerra, e acusou o Hamas de travar uma “campanha interna de intimidação e vingança”.
Resposta do Hamas
Em comunicado oficial, a força de segurança Radaa afirmou que realizou “operações de segurança abrangentes” e prendeu “colaboradores e indivíduos operando fora da lei”. O grupo afirmou ainda que alguns dos detidos “atiraram contra as forças de segurança” e “cooperaram com milícias armadas” durante os combates no sul de Gaza.
No entanto, organizações de direitos humanos alertam que tais justificativas são frequentemente utilizadas pelo Hamas para reprimir dissidências e eliminar rivais políticos sob o pretexto de manter a ordem.
Repercussão internacional
O vídeo da execução provocou forte reação internacional. O Ministério das Relações Exteriores de Israel compartilhou as imagens, afirmando que o caso evidencia “por que o Hamas deve ser desmantelado”.
“O grupo terrorista governa através do medo – executando civis, torturando dissidentes e reprimindo qualquer forma de protesto. Palestinos em busca de comida ou liberdade são recebidos com balas, não com compaixão. Isso não é resistência — é tirania”, declarou o órgão israelense.
Nos Estados Unidos, o episódio repercutiu após o presidente Donald Trump ser questionado sobre o papel do Hamas no controle de Gaza após o cessar-fogo. Durante viagem ao Oriente Médio, Trump afirmou que o grupo “terá autorização para policiar o território por um período de tempo”, dentro do plano de cessar-fogo de 20 pontos mediado por Washington.
“Eles perderam provavelmente 60 mil pessoas. É muita retribuição”, disse Trump. “Temos quase 2 milhões de pessoas voltando para prédios demolidos. Queremos garantir segurança. Acho que vai ficar tudo bem… quem sabe ao certo… mas acho que vai ficar tudo bem.”
Cenário pós-cessar-fogo
A situação em Gaza continua extremamente instável. Desde a retirada parcial de Israel, o vácuo de poder tem gerado confrontos internos, enquanto o Hamas tenta reafirmar seu domínio sobre o território. Analistas apontam que o grupo busca restabelecer sua autoridade pela força, prendendo ou executando opositores locais sob acusações de “colaboração”.
Enquanto isso, a população civil enfrenta condições humanitárias críticas, com escassez de alimentos, água potável e energia elétrica, além de milhares de desabrigados após meses de bombardeios.