Na última quarta-feira (9), o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (CREA‑ES) realizou vistoria técnica na Creche Municipal Francisco Justi, localizada no bairro Alvorada, em Anchieta, após denúncias preocupantes dos pais dos alunos. A conclusão é alarmante: o prédio apresenta danos estruturais graves, como rachaduras na parede, infiltrações, movimentações da edificação e deformações, sinais claros de risco real e iminente de desabamento parcial ou total .
Credito foto : Vinícius Malini
Mesmo com esses indícios, é ultrajante que crianças continuem sendo expostas a esse ambiente precário e perigoso. Testemunhos de pais descrevem estalos constantes e portas que não fecham, além de relatos de salas alagadas por vazamentos, situando o local em estado absolutamente inaceitável .
O CREA‑ES, recomendou interdição total imediata, com escoramento de áreas comprometidas e supervisão de engenheiro legalmente habilitado. A liberação só deve ocorrer com laudo técnico conclusivo e assinatura de profissional registrado no Conselho .
Para completar, o órgão informou que até sexta-feira (11) formalizará recomendação à Defesa Civil e à Prefeitura de Anchieta, exigindo providências urgentes . Enquanto isso, a prefeitura anuncia uma reunião com os pais na data citada, mas deixa as famílias à mercê de informações vagarosas e promessas frágeis .
Numa nota oficial, a administração municipal informou que aguardava o laudo técnico para iniciar a transferência temporária de quatro turmas para a Escola Municipal Professora Patrícia Fernandes Roffes, distante menos de um quilômetro. Embora a medida seja primordial, trata-se de um alerta tardio, acionado somente após queixas públicas.
O mais revoltante é constatar que, enquanto os órgãos competentes hesitam, crianças continuam sob risco. A falta de diálogo transparente e urgente com as famílias reforça a indignação: até quando teremos que presenciar negligência em espaços educacionais? A creche não é apenas um local de aprendizagem — é um abrigo comunitário fundamental. E um abrigo inseguro não é abrigo, é uma armadilha.