A França enfrenta um novo capítulo de instabilidade política com a posse de Sébastien Lecornu como primeiro-ministro, marcada por uma onda de protestos organizados pelo movimento de esquerda Bloquons Tout (“Vamos Bloquear Tudo”). Milhares de manifestantes ocuparam as ruas de Paris, Marselha, Bordeaux e Montpellier para denunciar cortes orçamentários de €44 bilhões e exigir mudanças profundas na condução política e econômica do país.
As reivindicações dos manifestantes incluem aumento nos investimentos em serviços públicos, tributação sobre grandes fortunas, congelamento de aluguéis e a renúncia imediata do presidente Emmanuel Macron.
Durante os protestos, ruas foram bloqueadas, lixeiras incendiadas, cabos elétricos sabotados e confrontos registrados diante da estação Gare du Nord, em Paris. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo, resultando em cerca de 250 prisões. Em Rennes, um ônibus foi incendiado, e em Paris, um restaurante no centro da cidade também foi alvo de ataques.
O movimento, que ganhou força nas redes sociais nos últimos meses, expressa descontentamento popular com as medidas de austeridade e com a condução da crise da dívida francesa. Para muitos jovens, trata-se de um grito de solidariedade às classes mais vulneráveis e um recado direto ao governo de que a paciência chegou ao limite.
Enquanto isso, Sébastien Lecornu, quinto premiê da França em menos de dois anos, terá o desafio imediato de apresentar um orçamento que agrade uma Assembleia Nacional profundamente dividida. O partido França Insubmissa já prometeu apresentar uma moção de desconfiança, enquanto a extrema-direita observa seus primeiros passos “sem muitas ilusões”.
Os protestos deixam claro que a França vive uma encruzilhada política e social, com a esquerda exigindo mudanças estruturais e o governo pressionado a negociar em um cenário de descontentamento generalizado.