A Pastoral da Ecologia da Diocese de Cachoeiro de Itapemirim iniciou, nesta quarta-feira (2), uma nova e promissora fase do projeto “Viveiro São Francisco”, que une cuidado ambiental e inclusão social. A etapa atual foca na capacitação de mulheres em situação de privação de liberdade, que passarão a atuar diretamente na manutenção e no cultivo das mudas produzidas no viveiro.
A formação, realizada nas instalações do próprio viveiro, está sendo conduzida pela professora Drª Cristiane Coelho de Moura, docente da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), especialista em Engenharia Florestal e doutora em Ciência Florestal. O conteúdo das aulas é abrangente e técnico, abordando desde o manejo básico das plantas até temas como controle de pragas, irrigação eficiente, estrutura ideal para viveiros, influência do clima e uso adequado de materiais como sementeiras e tubetes.
A iniciativa é fruto de uma sólida parceria entre a Diocese de Cachoeiro, o Sicoob Credirochas e a Secretaria de Estado da Justiça (SEJUS), que garante não apenas a formação técnica, mas também remuneração às internas, custeada com o apoio do Sicoob. Além disso, as mulheres têm direito à remição de pena, com a redução de um dia na sentença a cada três dias de trabalho, conforme a legislação brasileira prevê.
O advogado Thiago Canholato, presidente do Conselho da Comunidade para Execução Penal, ressalta a profundidade social do projeto:
“Essa ação vai muito além da capacitação técnica. Ela oferece às internas a chance de reconstruir a autoestima, desenvolver habilidades e vislumbrar uma nova perspectiva de vida. O trabalho digno, o reconhecimento financeiro e a contribuição para uma causa ambiental relevante formam um conjunto poderoso de transformação.”
Além de gerar impactos diretos na ressocialização das mulheres envolvidas, o Viveiro São Francisco tem como missão contribuir para a preservação do meio ambiente, promovendo o cuidado com a “Casa Comum”, em consonância com os ensinamentos da encíclica Laudato Si’, do Papa Francisco, que convoca todos os cristãos à responsabilidade ecológica.
Localizado no Sítio São José, na comunidade de Monte Líbano, em Cachoeiro de Itapemirim, o viveiro conta com apoio técnico de agrônomos, biólogos e da UFES. A equipe inicial é composta por um profissional especializado e três auxiliares, que já iniciaram a produção das mudas no dia 3 de junho. Essas mudas, voltadas para o reflorestamento urbano e educação ambiental, serão disponibilizadas à população por meio de vendas simbólicas.
Segundo o Pe. Evaldo Praça Ferreira, Vigário Episcopal para Ação Social, a comercialização com valores acessíveis visa garantir a sustentabilidade do projeto sem excluir a população de baixa renda.
“Os custos com insumos e estrutura são inevitáveis, mas queremos que todos tenham acesso às mudas. O valor simbólico permitirá isso e manterá o projeto de pé”, explicou.
A iniciativa se apresenta como um exemplo concreto de como ações integradas entre sociedade civil, instituições religiosas, setor público e iniciativa privada podem gerar impactos positivos duradouros, promovendo sustentabilidade ambiental e dignidade humana de forma conjunta.