
Na última quarta-feira (24), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) fechou temporariamente o terminal pesqueiro de Itaipava, em Itapemirim, no Sul do Espírito Santo. A medida faz parte da Operação Makaira, que tem como objetivo combater a pesca irregular em áreas proibidas.
Segundo o órgão, foram aplicadas 260 multas que somam R$ 22 milhões e 45 embarcações foram suspensas, sendo que 30 foram lacradas no local. Outras três embarcações também foram interditadas em Anchieta nesta quinta-feira (25).
As fiscalizações identificaram embarcações atuando em áreas de exclusão próximas a plataformas de petróleo no Espírito Santo e no Rio de Janeiro, locais onde a prática é proibida devido ao risco de acidentes ambientais e ao favorecimento da pesca predatória.
Método de pesca irregular e riscos
De acordo com o chefe da Divisão Ambiental do Ibama, José Vicente Silva, os barcos utilizavam o espinhel de superfície, técnica que espalha quilômetros de linha com centenas de anzóis. O método captura não apenas peixes, mas também espécies vulneráveis como tartarugas e aves marinhas.
Com o apoio de imagens de satélite, os fiscais monitoraram as rotas e identificaram os pontos de pesca ilegal.
“Essas embarcações estavam pescando em áreas proibidas próximas às plataformas. Além de buscar vantagem irregular, correm risco de causar acidentes ambientais graves devido à presença de dutos, mergulhadores e outras embarcações na região”, explicou o chefe da divisão ambiental.
Parte das embarcações poderá ser liberada após vistoria técnica em Vitória. Caso contrário, quem insistir em operar sem autorização poderá enfrentar sanções mais severas.
Reação dos pescadores
Durante a ação, pescadores relataram insatisfação com a forma da abordagem. O presidente da associação de pescadores de Itaipava, Ulisses Vieira Raposo, afirmou que a categoria não é ouvida pelo órgão:
“Sempre que eles vêm aqui, fecham de forma grotesca. Ficamos impedidos de acessar nossas embarcações. O Ibama nunca dialoga com o pescador, parece perseguição.”
Posição oficial
A Secretaria Municipal de Aquicultura e Pesca informou que mantém diálogo constante com os pescadores e oferece suporte para a regularização da frota, mas reconheceu que parte das embarcações ainda apresenta pendências, muitas delas relacionadas a dívidas federais.
Já o Ibama reforçou que as fiscalizações são essenciais para a proteção da biodiversidade marinha e que todas as reuniões solicitadas pela associação foram atendidas.
O Ministério do Meio Ambiente declarou que está apurando a situação, enquanto o Ministério da Pesca não se posicionou até a publicação desta reportagem.